Nossa caminhada quaresmal inclui uma catequese dada no alto do Monte Tabor. Jesus leva consigo os três mais chegados, ou mais necessitados de cuidados para lhes falar ao coração e para que não se
desanimem da missão. Sobem ao alto monte e ali vêem Jesus conversar com Moisés e Elias comentando a respeito de sua Páscoa.
Os discípulos caem no sono, mas vêem o Senhor transfigurado; ficam sem saber o que fazer ou dizer; pensam em agradar ao Senhor e propõem construir três tendas. Ainda não compreendem que o Senhor
glorioso não precisa de tendas humanas; ainda não compreendem a glória da cruz! Talvez pensem em Jesus como um grande Profeta; mas ele é mais que Moisés e Elias, é superior a esses dois personagens
muito queridos pelo povo de Deus.
Aliás esses dois nem falam nada. O céu desce na montanha, a nuvem envolve a todos e se ouve a
voz do Pai: – “este é meu Filho amado! O escolhido! Escutai o que Ele diz!”. É urgente, é necessário escutar Jesus! É Ele, que tem palavras de Vida e de Verdade; é preciso ouvir Jesus, dar crédito a ele e não a artistas, ou “influencers” comuns hoje em dia…
Nossa geração vive dos progressos da ciência e da técnica e se esquece de se abrir e acolher o “mistério” de Deus, disponível aos que “escutam o filho amado do Pai”. Nossa geração produz tanta inteligência e tanto individualismo que ouvimos tudo e acabamos por não escutar a quem nos pode salvar. Nesta época em que cada um faz o que bem entende, alguns se comportam como inimigos da cruz de Cristo, idolatrando a si e só se preocupando com seus negócios, suas coisas e se esquecem de Deus e dos irmãos.
Hoje se revela para nós o grande mistério do amor de nosso Deus. Ele está no meio de nós, faz aliança conosco, nos manda “ouvir seu Filho amado”! Ao concluir a aliança com Abraão, Ele assumiu os riscos, Ele arca com os prejuízos de nossas fraquezas e não nos abandona.
O monte da revelação de Deus é a Eucaristia onde ouvimos o Filho amado no qual também nos tornamos filhos de Deus e irmãos de todas as pessoas; na eucaristia contemplamos a sua glória e dela participamos. Contudo, não podemos fugir da nossa história, não podemos abandonar a nossa cruz.
Somos cidadãos do céu, mas precisamos dar os sinais de céu aqui na terra. Sem a cruz não se chega à gloria.
Obedeçamos ao Pai e escutemos o Filho amado!
Mons. João Paulo Ferreira Ielo